_bolsa pina
Em 2019, durante minha primeira graduação (moda na FASM) tivemos que desenvolver uma bolsa, a partir dos bairros designados no projeto “vestido pina”.
O tema continuava sendo a “Cidade Histórica”, porém o projeto era individual. Tínhamos que produzir uma bolsa conceitual. Ela era conceitual pois não necessariamente ela teria que ser feita para ser usada, porém a ideia tinha que funcionar como bolsa. Ela tinha que ser inspirada nesses bairros de São Paulo, além de que a bolsa somente poderia ser feita com os seguintes materiais: papel, plástico e/ou borracha. Era possível misturar esses materiais entre si, mas não podia misturá-los com algum outro que não fizesse parte desse grupo.
A partir desses objetivos, passamos a produzir maquetes semanalmente de cada material apresentado (papel, plástico e borracha), de modo que aprendêssemos e fosse possível perceber como esse material funcionava, se dava pra usar cola, se teria que costurar, a rigidez, permeabilidade, fraqueza, se era resistente ao fogo...
Essas maquetes foram extremamente importantes para o processo de criação da bolsa, tendo em vista que por meio delas, entenderíamos como os materiais funcionavam e quais eram os pontos positivos e negativos ao usar cada um deles e suas devidas limitações.
Após as experimentações com cada produto, decidi que minha bolsa seria feita de papel e plástico, pois foram os materiais em que era possível maiores customizações e permitiam maior rigidez para a bolsa. Me inspirei na escultura “As Nanás” de Niki de Saint Phalle localizada na Pinacoteca de São Paulo, e no bairro do Bom Retiro, por causa de seu relevo característico, que inclusive remetia à questão de força que fazia parte do meu conceito. Utilizaria o papel para representar a rigidez e relevo da obra da artista e plástico para remeter aos trabalhos manuais e aviamentos, que são muito característicos do Bom Retiro e que nem sempre são valorizados pelas pessoas que consomem produtos de moda.
Esse projeto significa muito para mim pois acredito que aprendi muito com ele, por ser individual, por possuir os seus desafios, por exemplo, eu não sabia costurar e nunca havia encostado em uma agulha até esse projeto, em que costurei vários botões na bolsa, para simbolizar o material plástico e a questão dos trabalhos manuais que comentei anteriormente. Além disso, acredito que foi um projeto em que mais me dediquei na faculdade de moda, com as experimentações, buscar o material correto, os estudos para dar certo as coisas, e foi a partir dele que comecei a amadurecer e entender que nem sempre as coisas vão dar certo de primeira. É preciso ter calma e paciência, que tudo se ajeita.